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"Não possuímos direito maior e mais inalienável do que
o direito ao sonho. O único que nenhum ditador pode reduzir ou
exterminar.”
Jorge Amado
dispensa apresentações: foi e continua sendo o escritor brasileiro
mais conhecido no Brasil e no mundo. Nasceu e morreu em agosto
(Itabuna - 10 de agosto de 1912 - Salvador, 6 de agosto de 2001).
Nossa homenagem a esse
inesquecível escritor
baiano.
"Da saga
de cobiça e sangue, do curso da violência na terra primitiva, com suas léguas
férteis que acenavam como um eldorado, nasceria uma literatura original, que
por vários aspectos tem lugar destacado na novelística brasileira. Cabe a Jorge
Amado o lugar indisputável de quem como romancista de denúncia social deflagrou
importante corrente temática na ficção regionalista do Brasil. É o escritor
compromissado em recriar a realidade objetiva, que faz prevalecer o documental
sobre o subjacente, a linguagem coloquial no texto sem preocupação em
auscultar o herói problemático, em sua tensão crítica diante do
mundo."
- Cyro de Mattos, escritor e poeta - In: ELOGIO DE JORGE AMADO - Página Literária dos Acadêmicos www.academiadeletrasdeitabuna.com.br - Comunicação apresentada na Academia de
Letras de Itabuna, em 20.5.2013.
"Jubiabá me
surpreendeu. Eu o li com a mesma delícia com que leio os melhores autores
norte-americanos, ingleses, franceses e alemães. Se eu tivesse engenho e arte
havia de escrever o a-bê-cê de Jorge Amado, um sujeito magro de olhos de chinês,
que nasceu na Bahia, foi rebelde, fugiu de casa, viu a vida e viveu-a com ânsia;
um sujeito que ama os humildes e os oprimidos e que, aos 23 anos, é um dos
maiores romancistas que o Brasil já tem."
-
Érico Verissimo, In. BLOCH, Pedro. Entrevista. Rio de Janeiro: Bloch Editores,
1989.
"O amor carrega de
uma surda tensão as páginas dos seus romances, avultando por cima do rumor das
outras paixões. Na nossa literatura moderna, o sr. Jorge Amado é o maior
romancista do amor, força de carne e de sangue que arrasta os seus personagens
para um extraordinário clima lírico. Amor dos ricos e dos pobres; amor dos
pretos, dos operários, que antes não tinha estado de literatura senão edulcorado
pelo bucolismo ou bestializado pelos naturalistas."
- Antonio Candido, Trecho de “Poesia, documento e
história”, ensaio escrito em 1945 e publicado posteriormente na coletânea Brigada Ligeira e outros
escritos, Rio de Janeiro, Ouro sobre Azul, 2004.
"Devemos a Jorge
Amado a abertura da consciência literária no Brasil. Ele foi um pioneiro cheio
de esplendor e obstinação. é um homem indissociavelmente ligado não somente à
história da literatura, mas também à cultura brasileira. Foi escolhido pelas
fadas, ou por quem quer que seja. Jorge Amado atravessou toda a literatura
brasileira, praticamente desde a Semana de Arte Moderna, e atravessou-a com uma
obsessão que, pode-se dizer, chega a ser sublime, o sentimento de uma missão .
De forma incrível. Ele ajudou a conduzir o Brasil dentro da
modernidade."
- João Ubaldo Ribeiro, In: RAILLARD. Alice.
Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990
"Eu venho de muito
longe e trago aquilo que eu acredito ser uma mensagem partilhada pelos meus
colegas escritores de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e
Príncipe. A mensagem é a seguinte: Jorge Amado foi o escritor que maior
influência teve na gênese da literatura dos países africanos que falam
português. A nossa dívida literária com o Brasil começa há séculos, quando
Gregório de Matos e Tomás Gonzaga ajudaram a criar os primeiros núcleos
literários em Angola e Moçambique. Mas esses níveis de influência foram
restritos e não se podem comparar com as marcas profundas e duradouras deixadas
pelo baiano. (...) reler os seus livros, ressalta esse tom de conversa íntima,
uma conversa à sombra de uma varanda que começa em Salvador da Bahia e se
estende para além do Atlântico. Nesse narrar fluido e espreguiçado, Jorge vai
desfiando prosa e os seus personagens saltam da página para a nossa vida
cotidiana. (...) Essa familiaridade existencial foi, certamente, um dos motivos
do fascínio nos nossos países. Seus personagens eram vizinhos não de um lugar,
mas da nossa própria vida. Gente pobre, gente com os nossos nomes, gente com as
nossas raças passeavam pelas páginas do autor brasileiro. Ali estavam os nossos
malandros, ali estavam os terreiros onde falamos com os deuses, ali estava o
cheiro da nossa comida, ali estava a sensualidade e o perfume das nossas
mulheres. No fundo, Jorge Amado nos fazia regressar a nós
mesmos."
- Mia Couto, Moçambique/África, é poeta, contista,
cronista e romancista).
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“Mais poderoso é o povo que supera e vence as limitações,
enfrenta as terríveis condições da vida e marcha em frente, para o
futuro.”