*Sônia
Carvalho de Almeida Maron
Seja
qual for o resultado do segundo turno, seja qual for o vitorioso, o grande
perdedor é o Brasil. O exemplo deplorável de uma campanha suja e sem regras
civilizadas marcou o ritmo imposto e costumeiro do partido do governo.
Prevaleceu desde o início, o domínio do Código Penal: na parte geral, o
instituto da legítima defesa; na parte especial, o capítulo dos crimes contra a
honra.
Todo
brasileiro lúcido desistiu de acompanhar os debates movidos a MMA para não
assistir ao clichê criado pelo ex-presidente Fernando Collor. Lembram do “bateu
levou”? Aliás, o culto da mediocridade tem sido a tônica das escolhas do povo
brasileiro no presente milênio, embora o bad boy e “mauricinho” Collor tenha
surgido no cenário do século passado.
Esclarecendo
a alusão ao Código Penal, lembro que o crime de calúnia é praticado quando
alguém é acusado de um crime que não cometeu; a difamação ocorre quando é
divulgado fato ofensivo à reputação de alguém, salientando que na difamação o
fato pode ser verdadeiro; a injúria atinge a dignidade e o decoro, ficando
isento de pena o autor quando o ofendido provocou injustamente a injúria. Esse
tem sido o dia a dia vivido pelo povo brasileiro, contaminando a mente das
crianças e adolescentes e levando adultos e idosos ao desespero pela impotência
de impedir que a prática distorcida e deletéria da conduta dos pretendentes aos
cargos eletivos no executivo e legislativo, chegue ao conhecimento das gerações
do futuro, criando um ciclo vicioso de prática de crimes e impunidade, na luta
irracional pela permanência no poder. Nossos adolescentes serão os líderes do
amanhã e amadurecerão acreditando que o exercício de cargos aparentemente
relevantes está reservado para aqueles que praticam o crime mais perfeito e conseguem
escapar às malhas da lei.
A
imprensa divulgou fartamente, em jornais, revistas e notícias jornalísticas via
internet, a declaração de um político influente afirmando “que faria qualquer
coisa, faria o diabo...” para garantir a reeleição presidencial. A depender da
afinidade ou preferência, o diabo pode ser invocado à vontade mas não conduzirá
a mente do candidato eleito, seja ele quem for. Vamos lembrar que o cancioneiro
popular afirma que o “O Brasil é um país tropical, abençoado por DEUS e bonito
por natureza”, no verso inspirado de
Wilson Simonal. E os baianos sabem cantar o hino de Nosso Senhor do
Bonfim: “Nesta colina sagrada/ mansão da misericórdia/ dá-nos a graça divina/
da Justiça e da Concórdia”.
O
Brasil é um país predominantemente católico e sua Lei Magna assegura a
liberdade de culto e de expressão. Assim, todas as religiões do seu sincretismo
abençoado invocam a paz, a união, a justiça e a concórdia. Ateus ou agnósticos,
todos desejam que energias positivas comandem o caminho e o destino dos
brasileiros, até mesmo dos que não sabem o que fazem.