Sônia Carvalho de Almeida Maron*
O dia 15 de outubro é consagrado ao Professor. A inicial maiúscula é proposital, é assim
mesmo, a escolha é minha e também é minha a responsabilidade de proclamar a
profissão como a mais importante em uma sociedade digna de sonhar e aguardar o
futuro sem temor. Coincidentemente, no dia do Professor, comecei pisando com o
pé direito: participei do evento comemorativo realizado pela Escola Curumim
representando a Academia de Letras de Itabuna – ALITA, parceira da Escolinha,
em companhia do confrade Ruy Póvoas, escalado para explicar à garotada o que
significava uma academia de letras. Abençoada inspiração do confrade Jorge Luiz
a escolha de Ruy! Os “curumins” precisavam saber o que muitos ignoram: uma
academia de letras não é uma instituição que reúne um grupo de velhos para
discutir quem carrega a maior “bagagem” literária; devem saber ler e escrever, é claro, apresentando a prova
material da atividade como autores de livros e trabalhos diversos; mas também
devem participar ativamente da formação dos jovens, donos do futuro,
conscientizando-os da necessidade da leitura que tem o poder de difundir a
verdade, a beleza, a sensibilidade e
salvar o mundo.
A abertura do
III Fórum de Leitura realizado pela Escola Curumim reuniu palestrantes como
Maria Tereza Maldonado, Rita Argolo, Manuela Berbert, tendo como tema, em suas
diversas áreas de atuação, a leitura na era da internet e o seu uso correto na educação e na vida das crianças e
adolescentes. A garotada recebeu informações acerca da utilização da poderosa
alavanca para facilitar o acesso ao conhecimento, com ênfase para o perigo do
uso desorientado e dirigido ao lixo existente nos múltiplos recursos quando
voltados para o lado negro, presente em qualquer atividade que envolva os seres
humanos.
Tenho certeza que o
objetivo foi alcançado e aquelas crianças do ensino fundamental, a mais
importante das etapas do conhecimento, entenderam que o cérebro humano treinado
para o bem é o juiz supremo das escolhas para um mundo melhor onde eles, os
nossos “curumins”, serão os líderes, os dirigentes que disputarão cargos
eletivos democraticamente e de forma civilizada: debatendo idéias, programas de
governo voltados para o bem estar coletivo, apagando definitivamente a queda de
braço no campeonato de crimes contra a honra ou ainda mais graves, induzindo o
povo a escolher aquele que cometeu o menor número de crimes contra o erário
público, como se estivesse a decidir qual o bandido mais inofensivo para
liderar os presidiários de uma penitenciária de segurança máxima. O nível de
comunicação adotado obriga o adversário ao emprego de armas iguais,
transformando as campanhas políticas em
disputa de tipos penais e não de cargos eletivos. Não é esta a lição de Ciência
Política que nossas crianças e adolescentes merecem e, em última análise,
nossos filhos e netos telespectadores e internautas.
Neste registro
das comemorações ao Dia do Professor, não poderia faltar uma figurante maior, a
menina que ofereceu a própria vida pelo direito de continuar estudando: MALALA
YOUSAFZAI. Escolhida para receber o prêmio Nobel da Paz, a garota do distante
Paquistão, milagrosamente viva depois de um atentado de terroristas do seu
triste país, hoje residindo em Londres, declarou em uma das suas palestras a
frase que ganhou o mundo nas ondas da internet,
com a ferramenta nova do whatsAPP:
“Uma criança, uma professora, uma
caneta e um livro, podem mudar o mundo.”
* Ex-aluna do Ginásio Divina
Providência
Ex-professora da
FESPI/UESC
Presidente da Academia de Letras de Itabuna –ALITA
Juíza de Direito aposentada do TJ/Bahia