Edições LETRA SELVAGEM & CASA DAS ROSAS convidam para o
LANÇAMENTO de 3 livros:
1º) Os Ventos Gemedores, de Cyro de
Matos (romance)
2º) Uma Garça no Asfalto, de Clauder
Arcanjo (crônica)
3º) Rainhas da Antiguidade: Sedução e Majestade, de Dirce Lorimier Fernandes (biografia)
Data:
12 de novembro de 2013 (quarta-feira), às 19 horas.
Local: CASA DAS ROSAS (Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura). Av. Paulista, 37 (Metrô Brigadeiro) - São Paulo/SP. - Brasil. Entrada franca.
Local: CASA DAS ROSAS (Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura). Av. Paulista, 37 (Metrô Brigadeiro) - São Paulo/SP. - Brasil. Entrada franca.
Abrindo o evento, o jornalista e escritor Joaquim Maria Botelho apresentará os três autores ao público presente,
que poderá fazer perguntas.
1º) “OS VENTOS GEMEDORES” – romance de CYRO DE MATTOS.
Obra e Autor
Nesse romance de ritmo ágil, o leitor irá escutar a fúria de ventos
compulsivos, que assim abalam e deixam-nos perplexos, de tal sorte os gestos de
criaturas primitivas, de anseios tão densos e chocantes, em meio a situações de
desespero. Também encontrará gente de sentimentos inocentes, que está na vida
para mostrar os seus instantes de ternura numa paisagem rústica, caracterizada
pela natureza bárbara do ambiente e de seus viventes.
Personagens de papel transmudam-se em gente com sangue quente a correr
nas veias neste romance com seus dramas, ambições, opressões e misérias da
terra. O autor revela com eles que é dotado de outra virtude: a de estar isento
do tom panfletário, da ideologia extrema que contamina o estético e reprime a
criação. Sua escrita está como que moldada na linguagem simples das histórias
contadas pelos ancestrais, ao redor da fogueira no terreiro ou no alpendre da
casa tosca, iluminada à luz de candeeiro.
A narrativa desses ventos gemedores transmuda as terras do sul da Bahia,
no condado imaginário do Japará, região onde a mata recuada, hostil e
impenetrável, vai dando lugar às primeiras e tateantes roças de cacau e campos
de pecuária. Resulta de um imaginário que ultrapassa os limites conhecidos do
real no território sul baiano, das outrora ricas plantações de cacau e
pioneiras fazendas de gado nas zonas do capinzal. A narrativa segura, que
devassa lugares brasileiros onde a ação de personagens se desenvolve no
conflito movido pelo mandonismo de Vulcano Brás e pela busca da vida livre e
justa, representada pelo vaqueiro Genaro, confere permanência ao romance,
depois do ato de leitura.
O leitor voltará a remoer os acontecimentos do universo ficcional
projetado pelo autor e perceberá a marca de um narrador dramático, que funde o
real e o fantástico com maestria, dentro da metamorfose rítmica do relato,
girando no seu eixo através dos novos significados recolhidos de outras
passagens.
Nos episódios de Os Ventos Gemedores latejam brutalidades dum
homem sedento e faminto pelos domínios da terra, que avilta outros homens
indefesos com seu egoísmo impiedoso. Na mensagem que se expressa no texto
vigoroso, revestido de brasilidade e humanismo, emerge uma fabulação interior
que confere vida psíquica aos personagens, não apenas como tipos interessantes,
agentes populares desempenhando seu papel no cenário dos conflitos sociais.
Nesses personagens primitivos, sabe o autor imprimir, como poucos, uma dimensão
interior enraizada na explosão dos dramas e das misérias coletivas. No que toca
a este jogo psíquico e o drama, como observa o crítico Cid Seixas, doutor em
Letras pela USP (Universidade de São Paulo), em comentário ao livro Berro de
Fogo e outras histórias: “Quando um destes personagens se deixa surpreender
na intimidade da vida é que se percebem os desvãos da sua alma”.
Cyro de Mattos nasceu em Itabuna, cidade do sul da Bahia, em 31 de
janeiro de 1939. Diplomado em advocacia pela Faculdade de Direito da
Universidade Federal da Bahia, em 1962. Advogado e jornalista com passagem na
imprensa do Rio de Janeiro, onde foi redator do “Diário de Notícias”, “Jornal
do Comércio” e “O Jornal”.
Contista, poeta, cronista, novelista, ensaísta, autor de livros
infantis, organizador de antologia. Já publicou 50 livros e possui inúmeros
prêmios literários, entre eles, o Prêmio Nacional de Ficção Afonso Arinos,
concedido pela Academia Brasileira de Letras para o livro Os Brabos;
Prêmio Jabuti (menção honrosa) para Os Recuados; Prêmio da Associação
Paulista de Críticos de Arte (APCA) para O Menino Camelô, poesia
infantil; com o Cancioneiro do Cacau, Prêmio Nacional Ribeiro Couto da
União Brasileira de Escritores, Rio de Janeiro; Prêmio Internacional de Poesia
Maestrale Marengo d’Oro, Gênova, Itália. Participa em várias antologias
internacionais do conto, como Visões da América Latina, publicada na
Dinamarca, na qual estão inclusos, entre outros, Jorge Luís Borges, Alejo
Carpentier, Miguel Angel Astúrias, Juan José Arreola, Julio Cortázar, José
Donoso, Mario Vargas Llosa, Juan Carlos Onetti, Juan Rulfo, Mário de Andrade,
Aníbal Machado e Clarice Lispector, e Narradores da América Latina,
editada na Rússia, na qual figuram, entre outros, Julio Cortázar, Mario
Benedetti, René Marques e Rosário Castellanos. Poemas seus foram incluídos na
antologia Poesia do Mundo 3, organizada por Maria Irene Ramalho de Sousa
Santos, da Universidade de Coimbra, publicada em Portugal, com tradução de
Manuel Portela para o inglês, reunindo poetas de dezesseis países.
O nome de Cyro de Mattos figura em obras como Novo Dicionário da
Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Dicionário
Literário Brasileiro, de Raimundo de Menezes, Enciclopédia de Literatura
Brasileira, de Afrânio Coutinho, Literatura e Linguagem, de Nelly
Novaes Coelho, Navegação de Cabotagem, de Jorge Amado, Bibliografia
Crítica do Conto Brasileiro, de Celuta Moreira Gomes e Theresa da Silva
Aguiar, e Enciclopédia Barsa. Sua obra vem recebendo estudos nas
universidades. Participou como convidado do III Encontro Internacional de
Poetas da Universidade de Coimbra, Portugal, em 1998. Da Feira Internacional do
Livro de Frankfurt em 2010 quando autografou a antologia poética Zwanzig von
Rio und andere Gedichte, publicada pela Projekte-Verlag, de Halle, com
tradução de Curt Meyer Clason. E do XVI Encontro de Poetas
Iberoamericanos da Fundação Cultural de Salamanca, Espanha, em 2013. Possui
livros publicados em Portugal, França, Alemanha e Itália. A obra de Cyro de
Mattos tem sido reconhecida pelos críticos como significativa e já faz parte da
literatura brasileira contemporânea. Seus contos e poemas participam de mais de
50 antologias, no Brasil e exterior. Pertence à Academia de Letras da Bahia e é
Membro Titular do Pen Clube do Brasil.
2º) “UMA GARÇA NO ASFALTO” - crônicas de CLAUDER ARCANJO.
Obra e Autor
O título Uma Garça no Asfalto remete
ao tema das coisas “fora do lugar”. E ao absurdo que está na base de toda boa
literatura e, também, parece rondar a vida do autor Clauder Arcanjo, que nasceu
em Santana do Acaraú (CE), aos 3 de março de 1963, mas se radicou em Mossoró
(RN), onde assina uma crônica semanal no jornal “Gazeta do Oeste”.
Assentado sobre o chão do seu sofrido
Nordeste, professor, engenheiro da PETROBRAS e gerente de plataforma, dividido
entre a terra e o mar, Clauder poderia alegar contra si fatores desfavoráveis
ao pleno desenvolvimento do artista, mas, apesar disso, consegue florescer inteligência
e beleza no solo mais improvável, e realiza o prodígio de fazer da Literatura
o leitmotiv de sua existência, provando que “o Brasil não é só
litoral”, como canta o poeta.
Fez sua estreia literária em 2007, com os contos de
Licânia. Dois anos depois, surpreende-nos com a prosa poética dos
minicontos de Lápis nas Veias. Em 2011, reaparece com a poesia de Novenário
de Espinhos, que mereceu elogios do poeta Ivan Junqueira, da Academia
Brasileira de Letras. Poesia que, em alguns momentos, nos faz lembrar — até
porque Clauder jamais se afastou do ambiente de sua infância (a mítica
“Licânia”) — do poeta Carlos Drummond de Andrade, que, em busca de si mesmo,
partiu para o “vasto mundo”, mas emocionalmente nunca deixou para trás a sua
amada (e também mítica) Itabira, o seu “mapa sumido no fundo do mar” (verso de
sua amiga Olga Savary).
Para homenagear o inigualável Carlos Drummond de
Andrade, de cuja obra Boca de Luar a LETRASELVAGEM emprestou o título
para a sua nova coleção, nada mais oportuno do que publicar, como 1º volume da
coleção, este sensível e certeiro livro de Clauder Arcanjo, no qual reaparecem
com força e plasticidade os seres socialmente invisíveis que Drummond soube
tratar tão bem em suas crônicas e que já haviam marcado a literatura brasileira
com as inesquecíveis figuras dos “retirantes” de Vidas Secas, de
Graciliano Ramos, e também inspirou o chileno Gonzalez Vera a escrever a novela
Vidas Mínimas (1923), na qual retrata a sua experiência de vida num
cortiço de Santiago, o que nos remete a O Cortiço, de Aluízio de
Azevedo. Dificilmente os “humilhados e ofendidos”, de que se ocupou o russo
Dostoievski, encontrarão melhor tratamento, em língua portuguesa, do que nessas
crônicas de Clauder Arcanjo, sepultando-se a ideia de que a crônica é um gênero
literário menor.
Da vida para a literatura, saltam tipos e figuras
surpreendentes, como aquela jovem que, de joelhos, com a cabeça de encontro a
uma cruz na beira da estrada, reza pela mãe morta. Ou a mãe e seu filho caídos
na calçada da cidade grande, atrapalhando a passagem do Ano. Ou Antonio
Francisco, de pequena estatura, “entroncado feito saco socado, mas ligeiro das
pernas que só vendo”, que, apesar das pernas curtas, tornou-se o campeão das
corridas de bicicleta, até que um dia foi atropelado e, com a mesma teimosia
com que se tronou “atleta”, tornou-se poeta. Ou as duas velhas damas
apaixonadas pelas letras, que “plantavam” (deixavam) jornais nos bancos das
praças, a fim de que os jovens levassem e os lessem.
Nessas e noutras situações, o leitor se deparará
com um observador arguto e sonhador, que não admite que o cotidiano alienador
vença a surda batalha que se trava em seu peito.
3º) “RAINHAS DA ANTIGUIDADE – ELISA, CLEÓPATRA, ZENÓBIA”, ensaio
histórico da Profª Dirce Lorimier Fernandes.
Obra e Autora
Dirce Lorimier Fernandes é doutora em História
Social pela USP, professora, escritora, crítica literária, membro do júri da
Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA). Escreveu, entre outros, A
Inquisição nas Américas (Ed. Arké) e A Literatura Infantil (Ed.
Loyola). Em Rainhas da Antiguidade: Sedução e Majestade, se detém sobre
três mulheres que marcaram a História por sua sagacidade e inteligência.
A primeira, Elisa, é Dido, a imortal musa de
Virgílio, aquele mesmo que Dante Alighieri escolheu para ir consigo aos
infernos, em A Divina Comédia. No livro II de A Eneida, Dido
acolhe Enéias em Cartago e lhe pede que conte a tragédia da derrocada de Troia.
Tornam-se amantes e o idílio ocupa até o livro V, quando o inexorável destino,
tecido pelas Moiras, obriga Enéias a seguir viagem para fundar a Itália.
Agoniada, a rainha africana sucumbe à amargura e se atira em uma pira
funerária. Goethe também menciona Elisa, e Bernard Shaw dá o mesmo nome à sua
florista, em Pigmaleão. Dido tem um irmão, Pigmalião, mas é outro, não
aquele rei de Chipre que protagoniza as Metamorfoses, de Ovídio.
A segunda, Cleópatra, subjugou pela paixão os
imperadores romanos César e Marco Antônio. Era descendente de Ptolomeu, general
de Alexandre, o Grande, que depois da morte do comandante macedônio resolveu
criar um império no Egito. Essa mulher não desempenhou apenas o papel de
princesa romântica, lasciva e pérfida que as lendas lhe impuseram. Ao
contrário, foi uma efetiva militante política, obcecada pela restauração do
reinado ptolomaico. Não morreu de pena; morreu de raiva.
A terceira, Zenóbia, três séculos adiante de suas
duas companheiras citadas neste livro, ergueu-se habilmente à condição de
rainha absoluta da pequena Síria, então reino de Palmira. Representante de uma
nova era, do ponto de vista religioso, social e cultural, apoiou o judaísmo,
financiou poetas e pesquisadores. Mas, ambiciosa, lançou-se à fúria
expansionista. Imprudente, desafiou Roma. Proclamando-se parente de Cleópatra,
conquistou o Egito pelas armas. Sucumbiu diante do exército de Aureliano.
São três mulheres que alcançaram destaque social e
poder num tempo em que a mulher era subalterna, objeto, possessão apenas. Em
comum, isto: afrontaram Roma, no mais augusto dos seus lauréis, que eram os
seus generais (César, Marco Antônio, Cipião e Aureliano). Que maior
demonstração de força a história conseguiria reservar para essas jovens?
A escolha dessas três personagens, para este livro,
mostra a admiração de Dirce, a historiadora, pelas mulheres fortes – mesmo as
que pereceram vitimadas pelas próprias fraquezas. Foram, todas, mães zelosas na
defesa dos filhos e herdeiros. Este livro é algo como a historiadora realizar a
pesquisa com um olho no espelho, buscando as fontes consagradas, sem descartar
as lendas e as variantes, porque toda lenda tem base real. Este livro é uma
composição narrativa de verdades e mitos, descortinando informações que
ultrapassam a frieza da pesquisa histórica.
OBS:
Em anexo, a arte do convite.