Os membros da Academia
de Letras de Itabuna- ALITA e seus familiares se reuniram no dia 17 de dezembro
em jantar de Confraternização de Natal. Um momento de amizade, alegrias e comunhão. Na foto Celina Santos, Zina, Ceres Marylise,
João Otávio, Carlos Valder, Sonia Maron, Raquel Rocha, Cyro de Mattos e Marisa
Mattos.
A Academia de Letras de
Itabuna – ALITA, na pessoa de sua presidente Sonia Maron, deseja a todos Boas
Festas, e que o sentimento de
fraternidade e paz, cultuado no Natal, possa permanecer em todos os dias do Ano
Novo, renovando as esperanças e
apontando novos caminhos.
NATAL
meia noite bateu.
e a cidade inteira,.
cheia de risos infantis dormindo,
cantou, feliz,
cantigas de acordar.
asfalto,
cimento,
bloco armado,
apartamento,
tudo vibrou
- papai noel chegou.
meninos louros,
meninos caboclos,
meninos morenos,
meninos negros,
meninos de todas as cores.
E uma alminha branca inteiramente alegre.
lá em cima,
o chão de terra poeirenta,
a tábua apodrecida,
o zinco furado,
o morro corcunda,
pesado de trapos,
encharcado de dor,
também tudo vibrou.
meninos magros,
meninos tristes,
infância descolorida,
e uma alminha branca inteiramente só.
mãos se levantaram
vazias.
lágrimas baixaram
cheias.
papai noel passou.
papai noel
não parou.
*Do livro De dentro de mim
NATAL
Valdelice Soares Pinheiro*
meia noite bateu.
e a cidade inteira,.
cheia de risos infantis dormindo,
cantou, feliz,
cantigas de acordar.
asfalto,
cimento,
bloco armado,
apartamento,
tudo vibrou
- papai noel chegou.
meninos louros,
meninos caboclos,
meninos morenos,
meninos negros,
meninos de todas as cores.
E uma alminha branca inteiramente alegre.
lá em cima,
o chão de terra poeirenta,
a tábua apodrecida,
o zinco furado,
o morro corcunda,
pesado de trapos,
encharcado de dor,
também tudo vibrou.
meninos magros,
meninos tristes,
infância descolorida,
e uma alminha branca inteiramente só.
mãos se levantaram
vazias.
lágrimas baixaram
cheias.
papai noel passou.
papai noel
não parou.
*Do livro De dentro de mim
OS REIS MAGOS
Cyro de Mattos
Caminham e não cansam
Por montanhas e vales.
Com ouro, incenso e mirra,
Guiados pela estrela
Chegam à manjedoura.
Agora são três reis
Que estão ajoelhados
Junto ao menino Jesus
Que dorme num berço
Puro e quente
Feito de palhas.
É a vigília mais bela
Da nova madrugada
Que desperta na relva.
Ó glória, ó paz, ó amor,
Os bichos todos cantam.
E os três reis sabem
Que não são dignos
De tocar nessas palhas.
Sabem que o menino
Traz as sementes do Pai
Para plantar cirandas
Nas areias do deserto.
A
MAGIA DO NATAL
Ceres Marylise Rebouças
Dizem-me que escrever para Papai Noel é
bobagem e perda de tempo. Que ele é apenas personagem de uma antiga lenda
cristã cada vez menos crível. Mesmo assim, insisto em escrever esta carta:
Querido Papai Noel
Se até hoje você vive na alma de
tantas crianças, se permanece na recordação nostálgica dos adultos mergulhados momentaneamente
na memória de suas infâncias, se ainda é capaz de evocar tantos sonhos e
fantasias em cada mágica madrugada na véspera de Natal, se ainda desperta
energia criadora, força e esperança; então, você está muito mais vivo e
palpável do que muitas pessoas que vivem enclausuradas nos próprios egoísmos.
Quando criança, a magia de Natal
sempre me envolvia ao escrever cartinhas para você, num esforço desesperado de
listar supostos atos de bondade durante o ano inteiro querendo receber em troca
bonecas com roupinhas bonitas e conjuntos de panelinhas. Depois, eu as entregava
aos meus pais convencida de que eles sabiam executar o impossível serviço
postal que os levaria até o bom velhinho sentado sobre um trenó puxado por
renas num longínquo lugar coberto de neve e cheio de pinheiros.
Sim,
era essa magia que me impulsionava a fazer num cantinho da sala de visitas
sobre um pouco de areia e folhas de pitangueira, um pequenino presépio cheio de
bichinhos de brinquedo e uma caminha de palha com o menino Jesus.
Era magia o que me mantinha acordada certa de
que poderia ver entre as sombras da noite e no silêncio da madrugada, sua
sombra se esgueirando para colocar presentes nos meus sapatinhos ao lado da
cama.
Era magia o que enchia as ruas de crianças na
manhã seguinte, mostrando seus brinquedos umas às outras, convertendo o mundo
numa cidade feliz.
Um dia, puseram fim à magia do
meu encanto: uma tia, crendo que me fazia um favor, contou-me que você, Papai
Noel, não existia. Naquele instante, o mundo se transformou: Papai Noel eram
nossos pais, era a invenção publicitária de algum shopping center, eram os políticos levando esmolas para os bairros
pobres em troca de votos... Como pode haver espaço para a magia num mundo
assim?
Mas nesta véspera de Natal, a criança
que sobrevive em mim se apossa de minha mão e me impulsiona a escrever esta
carta para você, Papai Noel, e ficará dentro de um velho sapatinho ao lado de
minha cama com os meus pedidos.
Traga-me de presente forças para ainda crer
que é possível construirmos um Brasil e um mundo melhores. Que apesar de tanta
corrupção e impunidade, os brasileiros não caiam na desesperança e no erro de
que já não vale a pena clamar e lutar. Que apesar de tantas notícias ruins,
também acontecem coisas boas e belas. Que ainda há gente honesta, idealista e o
melhor está ali, real e ao nosso lado, nas casas vizinhas onde seus moradores
dividem conosco as tristezas e alegrias do dia-a-dia. Que nos faça descobrir
que podemos nos ajudar uns aos outros, desprovidos do veneno da arrogância e do
egoísmo. Que ainda podemos nos unir superando as diferenças e pensando no
Brasil que queremos deixar para nossos filhos e netos.
Abraça-lhe com todo encanto da magia de Natal, sua eterna menina:
Lise